Carta escrita na adolescência leva morador do interior de SP a realizar sonho na aviação: 'Foco era ser piloto'
23/10/2025
(Foto: Reprodução) Desde a adolescência Edilson era apaixonado pela aviação
Edilson Barros/Arquivo pessoal
Quando somos crianças ou adolescentes, é comum ouvirmos a pergunta: “O que você quer ser quando crescer?” Movidos pelos sonhos, imaginamos diferentes caminhos — médico, veterinário, professor, bombeiro, cantor. Esses desejos nascem de vivências, inspirações e encantamentos, e com Edilson Oliveira Barros não foi diferente. Desde cedo, ele descobriu sua paixão pela “arte de voar” e decidiu transformar esse sonho em realidade: tornar-se piloto de avião.
No Dia do Aviador, celebrado nesta quinta-feira (23), o morador de Presidente Prudente (SP), de 40 anos, relembra, em entrevista ao g1, o caminho percorrido até se tornar piloto profissional — uma trajetória que começou com uma carta escrita à mão.
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Paixão começou após um passeio panorâmico planejado pelo pai (na foto, com camisa azul)
Edilson Barros/Arquivo pessoal
Tudo começou em meados de 1998, quando o pai de Edilson pagou um voo panorâmico para ele. Aos 13 anos, a experiência deixou o jovem apaixonado pela “arte de voar”. “Fiquei encantado com a sensação do voo e com a visão lá do alto, com tudo pequeno embaixo. A partir desse dia eu decidi: Quero ser Piloto de Avião!”, lembra.
Consciente do custo elevado do curso e de que a família não teria condições financeiras para pagar, Edilson começou a lutar para realizar o sonho.
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Aos 14 anos, passou a trabalhar como panfleteiro para empresas prudentinas e, aos 15 anos, ingressou na antiga Guarda Mirim (atual Fundação Mirim) — entidade que prepara adolescentes para o mercado de trabalho — e começou a trabalhar em empresas da cidade. O foco era grande: “Ser piloto”.
Nessa época, Edilson lembra ao g1 que seus passeios de sábado e domingo tinham um destino certo: o Aeroporto Estadual de Presidente Prudente. O percurso era feito de bicicleta, ônibus ou até mesmo a pé, e lá o adolescente ficava observando cada aeronave que pousava ou decolava.
Foi nesse período que ele conheceu o Aeroclube de Presidente Prudente e descobriu que era ali que muitos profissionais da aviação iniciavam suas carreiras.
“Logo me veio a esperança de trabalhar no Aeroclube porque, no meu entendimento, seria meio caminho andado rumo ao meu sonho de me tornar Piloto. Corri atrás! Escrevi uma carta para o diretor-presidente do Aeroclube e expliquei o tamanho do meu sonho e objetivo… Pedi uma chance de trabalhar de qualquer coisa na escola de pilotagem. Todos os dias eu pedia a Deus para conseguir um trabalho lá no Aeroclube”, conta.
Desde a adolescência Edilson era apaixonado pela aviação
Edilson Barros/Arquivo pessoal
‘Quem era o garoto apaixonado por aviação?’
Ao receber a carta do jovem apaixonado por aviação, o diretor-presidente do Aeroclube resolveu lhe dar uma oportunidade. Mas o adolescente não havia deixado nenhum contato para retorno. Sabendo que o garoto era “Mirim”, o diretor entrou em contato com a entidade, mas lá também não sabiam quem era o jovem que frequentava o aeroporto aos finais de semana.
“Decidiram colocar cartas no ônibus da Fundação Mirim procurando o menino que gosta de avião. Logo me acharam”, lembra Edilson, entre risos.
Quando foi descoberto, Edilson começou a trabalhar com a limpeza de aeronaves no Aeroclube, com 16 anos. Depois, assumiu o cargo de secretário e ganhou uma bolsa para o curso teórico de Piloto Privado. Com o pouco dinheiro que tinha — e ajuda de amigos — conseguiu pagar parcialmente as horas de voo.
“Meu primeiro voo solo foi no dia 25 de março de 2004, e naquele mesmo ano tirei o Brevê de Piloto Privado, aos 19 anos”, conta.
"Batizado" com banho de óleo ao se formar aviador
Edilson Barros/Arquivo pessoal
Profissional habilitado
Cheio de paixão e emoção, já formado como piloto privado, Edilson realizou em 2005 uma aventura inspirada no filme “Pearl Harbor”. Nesse mesmo ano, foi desligado da escola.
No ano seguinte, mesmo convidado a retornar, o sonho profissional deu uma esfriada e o piloto ficou três anos afastado da aviação. Nesse período, trabalhou em uma fábrica de bebidas.
“Mas, cada vez que escutava o barulho de um avião, meu coração acelerava. Era a paixão pelo voo, o dom que Deus me deu, e por vezes eu mesmo me cobrava: ‘Cara, você chegou até aqui!!! Por que desistir agora???’ Foi quando concentrei forças novamente e retornei à aviação em 2008”, conta ao g1.
Com o retorno, começou o curso de piloto comercial IFR (Instrument Flight Rules) e fez trabalhos freelancers para pecuaristas, visando adquirir a habilitação comercial em 2010.
Desde a adolescência Edilson era apaixonado pela aviação
Edilson Barros/Arquivo pessoal
Foi nesse período que conseguiu o primeiro emprego com carteira assinada como piloto de avião. Hoje, atua como piloto executivo de uma empresa, pilotando uma aeronave Turbo-hélice, modelo King Air.
“Desde sempre, todo voo é especial para mim: a preparação que acontece, durante a execução e posteriormente o debriefing, onde analisamos onde precisamos melhorar. Todo voo gera uma ansiedade e uma vontade de fazer o melhor”, destaca ao g1.
Sempre em busca de evolução, em 2024, Edilson concluiu o curso superior de Pilotagem Profissional de Aeronaves e, neste ano, concluirá o de Ciências Aeronáuticas. Fora do trabalho, a aviação também está presente nas brincadeiras com o filho, que adora ir ao aeroporto e acompanhar o pai voando.
“Fica aqui o meu agradecimento a todos que fizeram e fazem parte da minha história. A também a Nossa Senhora de Loreto, que é Padroeira e Protetora dos Aviadores. Feliz Dia do Aviador”, finaliza o piloto.
Desde a adolescência Edilson era apaixonado pela aviação
Edilson Barros/Arquivo pessoal
Edilson e o filho levam a aviação para os momentos de lazer
Edilson Barros/Arquivo pessoal
Desde a adolescência Edilson era apaixonado pela aviação
Edilson Barros/Arquivo pessoal
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