Estudante trans dormiu com o namorado acusado do assassinato dela um dia antes do crime, aponta MP
23/10/2025
(Foto: Reprodução) MP pede a prisão de 3º homem suspeito de ajudar a ocultar cadáver de estudante trans
A estudante trans Carmen de Oliveira Alves, de 26 anos, dormiu com o namorado Marcos Yuri Amorim, acusado de ter assassinado a jovem, um dia antes do crime, em Ilha Solteira (SP), segundo a denúncia do Ministério Público. Ela desapareceu no dia 12 de junho, data em que foi morta, segundo a polícia.
Yuri, que era namorado da jovem, e o policial ambiental da reserva, Roberto Carlos de Oliveira, considerado amante de Yuri, foram denunciados por feminicídio e estão presos.
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Desaparecida há quatro meses, Carmen foi vista pela última vez na Universidade Estadual Paulista (Unesp), após fazer uma prova do curso de zootecnia. O corpo não foi localizado.
O documento da denúncia foi obtido em primeira mão pela reportagem da TV TEM. Na denúncia, a promotora Laís Bazanelli Marques Deguti detalha que, no dia do crime, Carmen e Yuri foram para a Unesp, onde fizeram um trabalho do curso de zootecnia.
Ele foi o primeiro a deixar a universidade. Depois, Carmen saiu da Unesp sozinha com a bicicleta elétrica e foi até o sítio de Yuri. Consta na denúncia que ele deu início à execução de Carmen.
Carmen de Oliveira Alves )à esquerda), o namorado Marcos Yuri Amorim (ao centro) e o policial militar Roberto Carlos de Oliveira, suspeitos de crime em Ilha Solteira (SP)
Reprodução/Facebook
Ao encontrá-la, Yuri a agrediu. Carmen caiu no chão, desacordada. Depois, Roberto chegou ao sítio e ajudou Yuri a matar a jovem. Na sequência, a dupla estendeu uma lona no chão e colocou o corpo da estudante. Assim, eles arrastaram ela até a caminhonete do policial.
Conforme o MP, o corpo de Carmen foi amarrado na traseira do veículo, junto à bicicleta elétrica. Depois, foi arrastado até às margens do Rio São José, onde a dupla terminou a ocultação.
No sítio, os assassinos destruíram vestígios e provas do crime que pudessem ser utilizadas contra eles, como a terra por onde o sangue da vítima escorreu, além de destruírem o celular de Carmem. Yuri, então, jogou o aparelho no acostamento da rodovia.
À tarde, Yuri encontrou Paulo Henrique Messa, acusado pelo MP de ajudar a dupla a ocultar o cadáver da estudante e a destruir provas referentes ao processo. Com isso, a promotora pediu a prisão de Paulo. Ele é considerado foragido.
Paulo Messa foi denunciado pelo crime de ocultação de cadáver em Ilha Solteira (SP)
Arquivo pessoal
Nos dias seguintes, Yuri foi orientado por Paulo a destruir os vestígios do crime. Assim, foi a um “encontro de motos” que ocorria na cidade para criar um álibi.
A investigação concluiu que a motivação para o assassinato é a pressão que Carmen fazia para que Yuri assumisse publicamente o relacionamento com ela. Além disso, a jovem descobriu que ele cometia crimes, como furtos, e elaborou um dossiê no computador com provas.
“A partir de então, Carmen passou a ser vista por Marcos Yuri como uma ameaça real e direta à sua imagem, reputação, liberdade e impunidade”, descreve a promotora.
As brigas geraram ameaças de morte de Yuri contra Carmem, sendo que, em uma delas, a jovem enviou a uma amiga uma mensagem de áudio revelando que o acusado tinha a intenção de cometer o crime.
Assassinato de estudante trans da Unesp: veja a cronologia do desaparecimento às buscas pelo corpo da jovem
Beatriz Santos/Arte g1/TV TEM
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