Inteligência Artificial transforma profissões e desafia profissionais do MA a se reinventarem
23/10/2025
(Foto: Reprodução) O advogado Gabriel Ahid Costa, a professora Ayla Nascimento e o professor Márcio Carneiro falam sobre como a Inteligência Artificial transforma o Direito, o Jornalismo e a Educação, exigindo adaptação e ética.
Reprodução/Arquivo Pessoal
No mundo contemporâneo, a Inteligência Artificial (IA) tem se tornado cada vez mais presente, levando profissionais de diferentes áreas a se adaptarem às transformações tecnológicas.
Entre a formação acadêmica e a inserção no mercado de trabalho, cresce a preocupação não apenas com a competitividade, mas também com a adaptação a novas ferramentas digitais.
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🎓 No Maranhão, segundo dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o número de matrículas em cursos de nível superior aumentou 81,6% entre 2013 e 2023, passando de 129,9 mil para 235,9 mil, o maior crescimento percentual do Nordeste e o segundo do Brasil. Já a Associação Brasileira de Estágios (Abres) aponta que o número de concluintes do ensino superior em 2023 chegou a 1.374.669, alta de 6,74% em relação ao ano anterior.
Entre os cursos com mais formandos estão Pedagogia (1.728.750) e Direito (1.512.740).
Advocacia e Justiça em transformação
O advogado e especialista em Inteligência Artificial Gabriel Ahid aplica ferramentas de IA no seu escritório.
Reprodução/Arquivo Pessoal
O advogado e mestre em Direito Constitucional Gabriel Ahid Costa, especialista em Inteligência Artificial, afirma que a advocacia vive uma das maiores transformações de sua história. A digitalização do Judiciário, o uso crescente da IA e a automação de tarefas jurídicas têm alterado a rotina de escritórios e tribunais.
Segundo ele, a IA é eficiente em tarefas repetitivas e de baixo valor intelectual, como revisão de contratos, análise de documentos e controle de prazos.
“Essas etapas consomem muito tempo e podem ser executadas com segurança por sistemas automatizados, liberando o advogado para o raciocínio estratégico e o contato com o cliente”, explicou.
Gabriel, proprietário de um escritório de advocacia, afirmou que o uso da tecnologia já é parte da rotina produtiva.
“Reduzimos o tempo operacional em mais de 50% e ganhamos produtividade. Isso nos permite focar no que é essencial: pensar estrategicamente e entregar soluções personalizadas”, destacou.
🔎 No Judiciário, a adoção da IA também avança. Em 2024, o Supremo Tribunal Federal (STF) lançou a MARIA, ferramenta de Inteligência Artificial criada para otimizar a produção de conteúdo, como resumos de votos e relatórios processuais.
O advogado ressalta que é fundamental compreender o funcionamento dessas tecnologias.
“Muitos advogados ainda veem a IA como ameaça ou modismo, quando na verdade ela é uma aliada. A tecnologia não tem empatia nem ética. Ela amplia nossa capacidade de trabalho. O risco está na resistência em aprender a usá-la”, pontuou.
Jornalismo e IA: ética, limites e reconfiguração
O professor Márcio Carneiro, da Universidade Federal do Maranhão, analisa os impactos da Inteligência Artificial no jornalismo e destaca os desafios éticos e profissionais da área.
Reprodução/UFMA
Para o professor Márcio Carneiro, do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e doutor em Tecnologias da Inteligência e Design Digital, a IA generativa tem impacto direto na profissão do jornalista, principalmente em temas como empregabilidade, ética, transparência e reconfiguração de processos.
É uma tecnologia com grande potencial, e as mudanças já estão em curso, como temos observado entre os agentes do mercado.
💻 A IA generativa cria novos conteúdos (textos, imagens, músicas ou códigos) a partir de grandes volumes de dados, enquanto a preditiva analisa informações para prever padrões e resultados futuros. Márcio alerta que a generativa foi feita para ser criativa, não precisa.
“Se você vai usá-la em áreas nas quais a qualidade da informação é crítica, como ciência, pesquisa ou jornalismo, é preciso conhecimento e cautela. Há muita desinformação sobre seus limites e riscos”, frisou.
Um estudo da Microsoft, aponta que profissões baseadas em linguagem e produção de conteúdo, como o Jornalismo, estão entre as mais suscetíveis às transformações causadas pela IA. A função de repórter aparece em 16º lugar no ranking de impacto.
G1 em 1 Minuto: Quais as profissões mais impactadas pela inteligência artificial?
Para Carneiro, é essencial estabelecer regras de governança no uso dessas tecnologias.
“Uma palavra mal interpretada pode gerar danos sérios a uma organização. Não basta adotar modismos. É preciso treinamento, reconfigurar processos e preparar todos para o novo ambiente”, observou.
O professor reforça ainda o papel ético do jornalista na mediação entre tecnologia, informação e sociedade.
“Num mundo de fake news e desinformação, o papel do jornalista continua sendo fundamental, independentemente do uso da IA. Ele é quem ancora a checagem e a credibilidade das informações”, concluiu.
IA no ensino: novas formas de aprender e ensinar
A professora Ayla Nascimento de 24 anos, utiliza a Inteligência Artificial em sala de aula para tornar as aulas mais dinâmicas e engajar os alunos por meio de atividades interativas.
Reprodução/Arquivo Pessoal
A Inteligência Artificial também vem transformando o ambiente escolar. Em São Luís, a professora de Filosofia Ayla Nascimento, que leciona do 6º ano ao 1º do ensino médio, utiliza a tecnologia em atividades de gamificação, como palavras cruzadas e geradores de voz que transformam poemas em músicas.
🎮 Gamificação é o uso de elementos de jogos (como pontos, desafios e recompensas) em contextos como a educação, para aumentar o engajamento dos alunos.
“Ajuda muito essa geração, que está exposta a muitos estímulos. Só o quadro e o pincel não chamam tanta atenção quanto algo interativo”, comentou.
Segundo Ayla, a maioria de seus alunos conseguem avaliar a confiabilidade das informações geradas pela IA.
“Eles têm conhecimento prévio e usam a internet em sala de aula com computadores e tablets, o que facilita orientar o uso responsável”, explicou.
A professora acredita que a lei que proíbe o uso de celulares em sala de aula, sancionada em janeiro deste ano, ajudou a reduzir a distração dos alunos.
Para ela, a IA torna o ensino mais dinâmico.
“Não dá para evitar os avanços. O que podemos fazer é conter danos, informando e conscientizando sobre o uso responsável”, afirmou.
Ayla também destaca a importância de os educadores se manterem atualizados.
Ser professor é ser um eterno pesquisador. Precisamos compreender essas tecnologias para saber se e como podemos aplicá-las. As crianças já sabem usá-las — e nós também devemos saber.