O que se sabe sobre ataques do governo Trump a barcos no Pacífico que deixaram 5 mortos
23/10/2025
(Foto: Reprodução) Novos ataques americanos contra barcos aconteceram no Oceano Pacifico.
Reprodução/Pete Hegseth/X via BBC
Forças americanas atacaram mais uma embarcação sob a acusação de supostamente transportarem drogas, desta vez no Oceano Pacífico, segundo informou o Pentágono nesta quarta-feira (22/10).
De acordo com o secretário de Defesa, Pete Hegseth, três pessoas a bordo morreram e nenhum militar ou agente americano ficou ferido.
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O barco já era monitorado pela inteligência americana e estaria, segundo Hegseth, transportando drogas por uma rota de tráfico internacional conhecida.
O ataque aconteceu oito horas depois de outro barco ter sido alvejado por forças americanas, matando outras duas pessoas.
Citando uma autoridade de defesa, a rede americana de notícias CBS informou que o novo ataque ocorreu em águas internacionais perto da Colômbia.
Estes foram o oitavo e nono ataque americano desde 2 de setembro contra embarcações acusadas pelos EUA de tráfico de drogas, mas os primeiros no Pacífico.
"Hoje, sob direção do Presidente Trump, o Departamento de Guerra realizou mais um ataque cinético letal contra uma embarcação operada por uma Organização Terrorista Designada", publicou Hegseth na rede social X.
"Esses ataques continuarão, dia após dia. Não se trata apenas de traficantes de drogas — são narcoterroristas trazendo morte e destruição às nossas cidades."
Na postagem, Hegseth publicou um vídeo que parece mostrar um barco pegando fogo após ser atingido por uma bomba americana. Itens flutuando são vistos na água, antes de aparentemente serem alvos de um segundo ataque aéreo.
O presidente Donald Trump disse ter autoridade legal para continuar bombardeando embarcações em águas internacionais, mas afirmou que poderá recorrer ao Congresso dos EUA se decidir expandir os ataques para a terra.
"Temos permissão para fazer isso e, se o fizermos por terra, poderemos ir ao Congresso", disse Trump a repórteres no Salão Oval nesta quarta-feira (22/10).
Ele afirmou que seu governo está "totalmente preparado" para expandir as operações antidrogas em terra, o que marcaria uma profunda escalada nas tensões com os países da América do Sul.
Ao lado de Trump no Salão Oval, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, acrescentou: "Se as pessoas querem parar de ver barcos de drogas explodirem, parem de enviar drogas para os Estados Unidos".
Um vídeo do ataque parece mostrar uma longa lancha azul se movendo pela água antes de ser atingida pela artilharia americana.
"Narcoterroristas que pretendem se posicionar em nossas costas não encontrarão porto seguro em nenhum lugar do nosso hemisfério", escreveu Hegseth em outra postagem no X.
"Assim como a Al-Qaeda trava uma guerra contra nossa pátria, esses cartéis estão travando uma guerra contra nossa fronteira e nosso povo."
"Não haverá refúgio ou perdão — apenas justiça", acrescentou.
Em um memorando enviado recentemente a parlamentares americanos, que acabou vazado, o governo Trump afirmou estar envolvido em um "conflito armado não internacional" com organizações de narcotráfico.
Pelo menos 37 pessoas já foram mortas nos ataques americanos a supostas embarcações de drogas, incluindo um ataque recente a um semissubmersível no Caribe.
Dois homens sobreviveram ao ataque, na semana passada, e foram repatriados para a Colômbia e o Equador.
O governo equatoriano posteriormente liberou um homem, identificado como Andrés Fernando Tufiño, alegando não haver evidências de que ele cometeu irregularidades.
O outro homem, da Colômbia, estaria hospitalizado.
Trump e membros de seu governo têm justificado os ataques como medidas antidrogas necessárias para combater organizações de narcotráfico — várias das quais foram designadas como organizações terroristas pelos EUA.
Discursando no Salão Oval na quarta-feira, Trump defendeu as operações, chamando-as de "uma questão de segurança nacional".
A notícia do ataque surge em meio a crescentes tensões entre o governo Trump e o governo colombiano do presidente Gustavo Petro, a quem Trump chamou de "bandido" e "sujeito mau".
"É melhor ele tomar cuidado ou tomaremos medidas muito sérias contra ele e seu país", ameaçou o presidente americano.
No domingo (19), sem apresentar evidências para sua acusação, Trump afirmou que Petro seria um "líder do tráfico ilegal de drogas", "incentivando fortemente a produção massiva de drogas, em campos grandes e pequenos, em toda a Colômbia".
O americano acrescentou que os EUA não oferecerão mais subsídios à Colômbia —historicamente um dos aliados mais próximos de Washington na América Latina.
Tanto a Colômbia quanto o vizinho Equador possuem partes significativas da costa no Pacífico. Segundo especialistas, estas áreas são usadas para canalizar drogas para o norte, em direção aos EUA, através da América Central e do México.
Estimativas da Agência Antidrogas dos EUA (DEA) indicam que a grande maioria da cocaína com destino às cidades americanas passa pelo Pacífico.
As apreensões de drogas no Caribe — onde ocorreu a maior parte dos ataques confirmados dos EUA até agora — representam uma porcentagem relativamente pequena do total, embora autoridades americanas tenham afirmado que esse volume está aumentando.
Até o momento, autoridades americanas ofereceram poucos detalhes sobre as identidades dos mortos nos ataques ou a quais organizações criminosas eles supostamente pertenciam.
Cerca de 10 mil soldados americanos, bem como dezenas de aeronaves e navios militares, foram enviados ao Caribe como parte das operações.